Publicado em 26/03/2015 21h44

Com cerimônia na Casa do Benin, Enseada doa 1,4 mil livros para bibliotecas de Salvador

O que representa aproximadamente 20 mil alunos contemplados com o material

                                                      DOAÇÃO FGM - post
Aconteceu nesta quarta-feira (26), na Casa do Benin, Centro Histórico de Salvador, uma cerimônia de doação de 1.400 livros da Enseada Indústria Naval para a Fundação Gregório de Matos (FGM) – órgão municipal responsável por fomentar a cultura na capital baiana. O material doado será entregue para bibliotecas comunitárias e municipais de Salvador e é fruto de um extenso trabalho de pesquisa antropológica feito pelo professor Vilson Caetano sobre os quilombos de Maragojipe e Cachoeira, no Recôncavo Baiano. Estiveram presentes no evento representantes das bibliotecas, da FGM, Enseada, Odebrecht, Fundação Palmares e do Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Biblioteca (PMLLB).

“É uma imensa felicidade celebrar este ato. Esses livros, belíssimos, são a materialização de histórias dos povos quilombolas e a garantia da permanência da nossa cultura, além de serem também resultado de uma das condicionantes do processo de licenciamento do estaleiro. Falar de África e quilombo não é apenas falar de candomblé. Nossa maior tarefa hoje é romper as barreiras do racismo, por isso publicações como essa são extremamente importantes. Já estudei em biblioteca comunitária e sei que um material desse tipo é valoroso para a comunidade”, revelou Fábio Santana, representante da Fundação Cultural Palmares na Bahia.

Segundo a presidente do PMLLB, Lourdes de Fátima Santos Pinto, quase 500 escolas e bibliotecas receberão os livros, o que representa aproximadamente 20 mil alunos contemplados com o material. “É louvável quando a iniciativa privada assume ações de pertencimento à nação africana, porque reafirma e legitima a identidade afro-brasileira. Esses livros são um elemento cultural único fruto de uma pesquisa feita por baianos, na Bahia e para a Bahia”, ponderou a presidente.

Dupla celebração
A cerimônia de doação de livros contou com uma contação de histórias pela professora e historiadora Iray Galrão, que atraiu os olhares de cerca de 50 crianças da Escola Luiza Mahin, do bairro do Uruguai em Salvador. A história Maria & Maria, do quilombo do Girau Grande, foi a escolhida para entreter o público e faz parte da coleção composta por sete contos infantis que foram entregues à FGM. Essa atividade fez parte da programação do Festival da Cidade, que comemora os 466 anos de Salvador.

De acordo com o presidente da Fundação, Fernando Guerreiro, o trabalho feito pela Enseada é uma preservação da cultura quilombola com possibilidade de propagar a tradição oral dos quilombos. “Esse conteúdo das histórias dos livros está ganhando vida e futuramente pode, por exemplo, virar peças teatrais”, comentou o presidente que enfatizou a relação que a Bahia tem com a África, pois a maioria dos escravos que vieram para o Estado era do Benin.
O espaço onde ocorreu o evento é um casarão tombado pelo como patrimônio histórico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e foi reinaugurado, em 2006, depois de uma reforma feita pela Odebrecht como parte de sua política de responsabilidade social.

Outras doações
A Enseada recentemente doou 7.130 exemplares dos contos quilombolas para a Secretaria de Educação de Cachoeira. Os livros têm sido entregues a crianças das escolas em comunidades quilombolas da região e nos espaços de leitura das demais instituições de ensino do município. Essa foi a segunda doação de livros feita à Secretaria. Em 2013, durante a Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), 2.600 exemplares foram entregues ao município.

O gerente de Comunicação Externa da Enseada, Marcelo Gentil, durante a cerimônia de entrega dos livros na Casa do Benin, reafirmou o compromisso do empreendimento em preservar as tradições culturais do Recôncavo, bem como os saberes e fazeres do povo quilombola. “Nos preocupamos com a comunidade que está no entorno do estaleiro. Somos uma indústria e temos consciência de que podemos contribuir para a melhoria da região e a educação é um dos pontos chave para isso”, disse o gerente.

Os livros produzidos são destinados a escolas privadas e públicas (municipais e estaduais) e também a escolas quilombolas, em atendimento à Lei n. 10.639, que torna obrigatória a inclusão da disciplina História e Culturas Africanas e Afro-brasileiras na grade curricular de todas as escolas de ensino fundamental, básico e médio do país. Os títulos foram lançados na Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica). No total, já foram doados/distribuídos cerca de 60 mil livros.

Autoria: Ascom EEP

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